Criado em 2004, o Festival Nacional de Violão do Piauí (FENAVIPI) chega à sua 7ª edição com o patrocínio da Petrobras e com a participação dos grandes nomes do violão contemporâneo. Entre os convidados, figuram: Fábio Zanon, Yamandu Costa, Marco Pereira, Ulisses Rocha, Mário Ulloa e o Argentino Victor Valladangos, entre outros. Em entrevista ao blog o professor Cineas Santos, supervisor do FENAVIPI, fala da importância do evento e das parcerias firmadas para a manutenção do festival.
1) Como surgiu a ideia de realizar o Festival Nacional de Violão do Piauí?
Se existe algo que me incomoda muito é ver talento mal aproveitado. Venho acompanhando a trajetória artística do Erisvaldo Borges desde sempre. Para mim, não fazia sentido um profissional da estatura dele continuar trabalhando solitariamente, ministrando aulas para um grupo muito pequeno de alunos. Então, em 2003, convidei-o para uma conversa e, meia hora depois, estava formatada a primeira versão do Fenavipi. Em pouco mais de dois meses, com a indispensável colaboração de Turíbio Santos, o festival se realizava com grande sucesso. O Fenavipi já nasceu grande.
2) Vocês já apostavam na possibilidade de o Fenavipi tornar-se um festival de expressão nacional?
Confesso que, por temperamento, sou pássaro de voos rasteiros; o Erisvaldo, não. Eu pensava numa coisa mais regional, com alguns nomes do Nordeste. O Erisvaldo fez contato com meio mundo, inclusive com violonistas do exterior. Como os cachês são muito pequenos, os músicos vêm por acreditar no projeto. Tem dado certo.
3) O FENAVIPI vem ganhando destaque para além das fronteiras piauienses, nordestinas e até brasileiras; hoje já faz parte do calendário artístico-cultural do país. A que se deve isso?
Deve-se à seriedade da proposta e à credibilidade dos organizadores. Procuramos fazer tudo de forma clara, transparente. Os nossos convidados sabem tudo do FENAVIPI antes de chegarem a Teresina. Os próprios músicos se encarregam de propagar o festival. Alguns fazem questão de vir mais de uma vez. Marco Pereira, Nonato Luiz, Fábio Zanon podem atestar isso.
4) Além de shows e concertos, que outras atividades integram a programação do festival?
A proposta principal do Festival não é a promoção de grandes concertos, embora isso também faça parte. O essencial é propiciar aos músicos piauienses e nordestinos a possibilidade de contato com os grandes nomes da música violonística contemporânea. Queremos formar plateias, sim, mas o foco é a formação do músico, dos estudantes de música. Então, o ponto alto do festival são as oficinas, os cursos, as aulas destinadas à molecada.
5) De que maneira o festival pode ajudar no enriquecimento da cultura piauiense?
Os resultados já se fazem sentir. Criamos o projeto Musicalizando nas escolas do município. Até bem pouco tempo, pelo menos 800 crianças estavam regularmente matriculadas nos cursos de violão nas escolas de Teresina. Um fato curioso: com a presença da Ana Vidovic, as menina, até então refratárias ao projeto, aderiram em massa. Hoje, competem em pé de igualdade com os meninos. O festival melhora o nível dos músicos, estimula a molecada a tocar e forma plateias.
6) O evento conta com o apoio e patrocínio da PETROBRAS. É importante que haja parcerias como estas? Em que medida isso melhora o desempenho do festival?
Sem parcerias, é praticamente impossível fazer cultura. No caso do FENAVIPI, é a segunda vez que a Petrobras nos honra com o seu patrocínio. Além dos recursos financeiros indispensáveis à realização do evento, o patrocínio de uma empresa com a credibilidade da Petrobras atesta a seriedade e o alcance do festival. Vamos trabalhar com seriedade para que o conceito do Festival Nacional de Violão do Piauí continue a merecer o apoio de empresas e instituições sólidas e respeitáveis.
7) O que mais valoriza o FENAVIPI?
O público. Qualquer evento cultural só se legitima com a participação do público. O FENAVIPI tem um público cativo, fiel e, a melhor parte, crescente.