Ulisses Rocha apresentou-se ontem, 8 de abril, no VII FENAVIPI para mais uma noite de encantamento marcada pela sobriedade, elegância e delicadeza.
Ao entrar no palco, tímido, concentrado, formal, fez o público ficar em suspense. ‘Quem será este Ulisses que traz consigo um violão e o seu meio riso?’ A resposta viria na forma de acordes e harmonias suaves, delicadas, espontâneas como se tocar daquele jeito fosse a coisa mais natural do mundo. A cada duas músicas, um rápido comentário, uma observação bem-humorada ou marcada pela fina ironia. Nada em Ulisses transborda. Tudo parece medido. Já na segunda música, a plateia comportava-se com o mais vivo entusiasmo, aplaudindo demoradamente. O repertório constitui-se de músicas do próprio violonista e compositor, ou seja, Ulisses não recorreu ao expediente de executar melodias conhecidas de outros compositores. Fez apenas duas exceções que soaram como homenagens a Dorival Caymmi e Edu Lobo, ainda assim, fez arranjos tão pessoais que as melodias ganharam roupagem nova. Sua interpretação de "Ponteio" foi soberba, para dizer o mínimo.
A empatia entre Ulisses e o público fez do concerto uma espécie de epifania. A plateia, literalmente, encantada só se manifestava para aplaudir de forma honesta e calorosa.
Foi assim durante todo o concerto: Ulisses se definiu sem se definir. O violonista teve a saudável ousadia de apresentar, em primeiríssima mão, a música "Jabuticaba" que, segundo ele, nunca havia sido tocada em nenhum concerto. Avisou à plateia que estava 'morrendo de medo', pois cada estreia é sempre uma surpresa.
Ulisses havia passado 30 anos sem vir a Teresina. Aproveitou para fazer uma brincadeira: "Trinta anos é muito: não sou tão velho assim. Na verdade, foram apenas três décadas". Fez questão de afirmar que ficou surpreso com as mudanças que viu na cidade. O Piauí mudou, sem dúvidas, mas as mudanças só ocorreram pela força de vontade de pessoas que deixaram de sonhar para realizar, sem medo de correr risco, atividades que dignificam seu povo e sua história.
Por seu caráter ousado, abrangente e original, o FENAVIPI mostra, a cada edição, que não é só um grande festival; é uma demonstração de competência e vitalidade. Demonstra que a cultura é o mais eficiente instrumento de elevação da autoestima de um povo. O piauiense tem razões de sobra para orgulhar-se do que é e do que é capaz de fazer.
Muito bom violonista e gente muito bacana.
ResponderExcluirExcelente violonista, mas seu recital foi cansativo - não aguentei e saí antes do final, pois eu estava cochilando. Tocou só músicas suas e todas muito monótonas e enfadonhas... a impressão era que tocava a mesma música várias vezes.
ResponderExcluirSrº ou srª anônimo(a), talvez fosse vc quem estivesse cansado(a); por isso não pode sentir a melodia refinada e sofisticada dos acordes... Ulisses foi aplaudido de pé. Não se contentando, a plateia pediu bis.
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