sexta-feira, 22 de abril de 2011

Argentino conquista primeira colocação no VII Concurso de Interpretação Violonística




Nahuel Romero, de 25 anos, é natural de Mendoza, Argentina. Aos 14 anos de idade, interessou-se por violão e desde então passou a se dedicar à música. A dedicação, aliada ao interesse em conhecer outros ‘mundos’, o fez deixar seu país para se apresentar no Piauí, estado que, segundo ele, nunca ouvira falar antes. Teria continuado assim, não fosse o Festival Nacional de Violão do Piauí.
“Estou surpreso com a qualidade do evento”, afirma. A surpresa também chegou em forma de felicidade. Nahuel ganhou o VII Concurso de Interpretação Violonística do FENAVIPI deste ano, que contou com a participação de grandes nomes do violão nacional e internacional. “É uma honra ter vencido o concurso. Não imaginava ser o vitorioso, pois meus concorrentes eram muito bons”, revela Romero.
Foi a primeira vez que Nahuel visitou o Piauí. Soube do festival por meio de seu amigo potiguar, Leonardo Medina.
Tornar-se músico é apenas um dos sonhos do jovem violonista, Com a classificação no concurso, Nahuel disse que deseja aprofundar-se na área e seguir a carreira acadêmica. “Além de músico, quero ser professor: dar aulas nas universidades. Pretendo seguir a docência em música”.

Nahuel recebeu seu prêmio das mãos de seu inspirador e conterrâneo, Victor Valladangos, que se apresentou no terceiro dia de festival. Além da premiação, Nahuel virá na próxima edição do evento, como convidado, para realizar concertos e mostrar ao público que argentino também tem música na veia, melhor dizendo, nas mãos.

terça-feira, 12 de abril de 2011

YAMANDU COSTA: UM VIOLÃO EM CHAMAS




Na noite do dia 10 de abril, pelo menos 400 pessoas comprimiram-se no Cine-Teatro Assembleia, que comporta confortavelmente 250, para assistir ao show eletrizante de Yamandu Costa. Com seu estilo inconfundível, Yamandu demonstrou os efeitos que é capaz de produzir num violão. Com incrível competência, alterna levadas suaves e delicadas com pegadas violentas que pareceram desconsertar o instrumento e o público.
A VII edição do FENAVIPI foi marcada pela pluralidade de timbres: do clássico ao popular. Entre a delicadeza de Ulisses Rocha e os transbordamentos de Yamandu, só existe uma coisa em comum: a beleza contagiante. Não seria exagero afirmar que o festival contemplou as mais diversas vertentes da música violonística. O público, encantado, agradeceu.

Impossível “enquadrar” Yamandu Costa em qualquer categoria musical a não ser na da genialidade. Em cena, o moço, com ar de menino travesso, transforma-se numa exuberante usina de sons. Senhor do palco, pode dar-se ao luxo de assobiar e até cantarolar frases musicais. A plateia riu, encantou-se e, naturalmente, aplaudiu. Entre os que aplaudiram  o show do inqualificável violonista, estavam o Governador do Estado, Wilson Martins, e a primeira dama, deputada Lilian Martins.
“Uma noite inesquecível”, afirmou o governador. Não se esquecendo de louvar a  habilidade dos garotos piauienses: Caio Leon e Leonardo de Caprio, que abriram o show de Yamandu. Não fosse lugar comum, poder-se-ia dizer: o festival fechou com chave de ouro! Melhor dizer: alargou horizontes e colocou o FENAVIPI entre os maiores festivais do Brasil.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Finalistas do VII Concurso Nacional de Interpretação Violonística do VII FENAVIPI e os seus vencedores:


EDUARDO PAES BARRETO FILHO
MÚSICAS:
ETUDE Nº. 8 (Heitor Villa-Lobos)
• ELEGIE (Johann Kaspar Mertz)

MARCOS TOSCANO
MÚSICAS:
II Mov. Da Suíte Venezuelana (Antonio Lauro)
• FANTASIA CARIOCA (Sérgio Assad)

DANIELA CASTELO PEREIRA
MÚSICAS:
INTRODUÇÃO, TEMA E VARIAÇÕES OP. 9 (Fernando Sor)
• DANSA CARACTERÍSTICA (Leo Brouwer)

AULUS DE SOUZA RODRIGUES
MÚSICAS:
SONATA – I Mov. (Antonio Jose)
• SUÍTE PARA ALAÚDE No. 3, BWV 995 Prelúdio (J. S. Bach)

NAHUEL ROMERO
MÚSICAS: SONATA (Leo Brouwer)
• Fandangos y Bolero
• Sarabanda de Scriabin
• La Toccata de Pasquini

RESULTADO
Primeiro colocado: NAHUEL ROMERO
Segundo colocado: AULUS DE SOUZA RODRIGUES
Terceiro colocado: MARCUS TOSCANO

domingo, 10 de abril de 2011

Zanon e Valladangos: a erudição a serviço da beleza



Num festival com vozes e timbres tão distintos, os violonistas Fábio Zanon e Victor Villadangos privilegiaram a música erudita, mesmo aquela calcada em matrizes populares. Por caminhos distintos, os dois demonstraram, de forma inconteste, que um repertório erudito não precisa ser “cansativo”. Zanon abriu seu concerto, na Oficina da Palavra, com duas peças – “Pavan and Gaillard”, de Peter Philips. Em seguida, numa clara demonstração de competência e ousadia, tocou a monumental “Variações sobre Folias D’Espagne”, de Manuel Pance, com mais de vinte minutos de duração. A platéia, literalmente magnetizada, sorvia cada nota saída do violão como se fosse um néctar precioso. Não por acaso, Fábio Zanon, hoje, é um dos violonistas brasileiros de maior sucesso no exterior. Terminou o concerto com uma série de composições ligeiras de autores latino-americanos, na verdade, uma viagem musical pela América Latina, com direito a uma esticada até Cuba. Foi aplaudido de pé.
                                          
                                          
Victor Valladangos, no Cine-Teatro Assembleia, demonstrou que, ao contrário do que acontece nas disputas futebolísticas, o público brasileiro aplaude com entusiasmo a competência dos argentinos. Abriu seu concerto com uma “Suíte Argentina”, de Eduardo Falu, peça de rara beleza. Basicamente, tocou músicas de compositores argentinos, entre eles Astor Piazzola, Maximo Diego e Eduardo Falu. Além de uma técnica apurada, Valladangos demonstra rara sensibilidade e extraordinária cultura. Como Zanon, conversa com o público, acrescenta detalhes, explica o que, porventura, se faça necessário. Terminou o concerto aplaudido de pé.
Na noite de ontem (09/04) o FENAVIPI demonstrou que, além de melhorar o nível técnico dos músicos piauienses, está formando plateias capazes de entender e aplaudir a música de qualidade, seja ela erudita ou popular.

sábado, 9 de abril de 2011

ELEGÂNCIA E LEVEZA NA MÚSICA DE ULISSSES ROCHA


Ulisses Rocha apresentou-se ontem, 8 de abril, no VII FENAVIPI para mais uma noite de encantamento marcada pela sobriedade, elegância e delicadeza.
Ao entrar no palco, tímido, concentrado, formal, fez o público ficar em suspense. ‘Quem será este Ulisses que traz consigo um violão e o seu meio riso?’ A resposta viria na forma de acordes e harmonias suaves, delicadas, espontâneas como se tocar daquele jeito fosse a coisa mais natural do mundo.  A cada duas músicas, um rápido comentário, uma observação bem-humorada ou marcada pela fina ironia. Nada em Ulisses transborda. Tudo parece medido. Já na segunda música, a plateia comportava-se com o mais vivo entusiasmo, aplaudindo demoradamente. O repertório constitui-se de músicas do próprio violonista e compositor, ou seja, Ulisses não recorreu ao expediente de executar melodias conhecidas de outros compositores. Fez apenas duas exceções que soaram como homenagens a Dorival Caymmi e Edu Lobo, ainda assim, fez arranjos tão pessoais que as melodias ganharam roupagem nova. Sua interpretação de "Ponteio" foi soberba, para dizer o mínimo. 

A empatia entre Ulisses e o público fez do concerto uma espécie de epifania. A plateia, literalmente, encantada só se manifestava para aplaudir de forma honesta e calorosa.
Foi assim durante todo o concerto: Ulisses se definiu sem se definir. O violonista teve a saudável ousadia de apresentar, em primeiríssima mão, a música "Jabuticaba" que, segundo ele, nunca havia sido tocada em nenhum concerto. Avisou à plateia que estava 'morrendo de medo', pois cada estreia é sempre uma surpresa

Ulisses havia passado 30 anos sem vir a Teresina. Aproveitou para fazer uma brincadeira: "Trinta anos é muito: não sou tão velho assim. Na verdade, foram apenas três décadas". Fez questão de afirmar que ficou surpreso com as mudanças que viu na cidade. O Piauí mudou, sem dúvidas, mas as mudanças só ocorreram pela força de vontade de pessoas que deixaram de sonhar para realizar, sem medo de correr risco, atividades que dignificam seu povo e sua história.
Por seu caráter ousado, abrangente e original, o FENAVIPI mostra, a cada edição, que não é só um grande festival; é uma demonstração de competência e vitalidade. Demonstra que a cultura é o mais eficiente instrumento de elevação da autoestima de um povo. O piauiense tem razões de sobra para orgulhar-se do que é e do que é capaz de fazer.   

Finalistas do VII Concurso Nacional de Interpretação Violonística são selecionados


Comissão julgadora do VII CONCURSO NACIONAL DE INTERPRETAÇÃO VIOLONÍSTICA DO VII FENAVIPI divulga resultado dos cinco finalistas (por ordem de apresentação):

EDUARDO PAES BARRETO FILHO
MARCUS TOSCANO
DANIELA CASTELO PEREIRA
AULUS DE SOUZA RODRIGUES
NAHUEL ROMERO


FENAVIPI: PÉROLAS AO POVO

Liceu Piauiense

Em nosso país, a expressão festival de violão está  quase sempre associada a violão clássico, com um tipo de repertório endereçado a um seleto grupo de iniciados. Não por acaso, o grande público mantém prudente distância desse tipo de evento. O Festival Nacional de Violão do Piauí, sem deixar de contemplar a música erudita, tem proposta mais generosa e abrangente. Nele, há lugar para as múltiplas facetas do violão, para todos os estilos de interpretação, sem que isso signifique fazer concessões ou “baixar o nível”.  O Concurso Nacional de Interpretação Violonística, por exemplo, é reconhecido pelo rigor com que julga os candidatos.
Na verdade, o que distingue o FENAVIPI dos demais festivais do gênero é a proposta eminentemente pedagógica. Mais que brindar seletas plateias com música sofisticada, o nosso festival  busca formar músicos e melhorar o nível técnico dos violonistas profissionais e amadores do Piauí. Além dos concertos que se realizam ao longo do festival, os músicos convidados ministram curso, oficinas e masterclass para os jovens violonistas, estabelecendo um diálogo extremamente proveitoso.
Dom Barreto

Não bastasse isso, os organizadores do FENAVIPI descentralizaram os concertos, levando-os às escolas da periferia de Teresina. Este ano estão sendo realizados 26 concertos, 17 deles em escolas públicas e privadas da capital. Para citar apenas um exemplo, na Escola M. Antônio Gayoso, mais de 300 crianças aplaudiram, com vivo entusiasmo, o belo concerto do violonista Geraldo Brito. No Instituto Dom Barreto, escola modelo no Brasil, os alunos encantaram-se com a performance de Felipe Vilarinho. No velho Liceu Piauiense, Emanuel Nunes emocionou os alunos do mais tradicional educandário da capital. Para o prof. Cineas Santos, supervisor do FENAVIPI, “Chega de opções pobres para pobres. Pérolas ao povo”.
Violonista Felipe Vilarinho

sexta-feira, 8 de abril de 2011

MARCO PEREIRA: UM VIOLÃO COM SOTAQUE BRASILEIRO


Com um show irretocável, o violonista e compositor Marco Pereira fez a abertura da VII edição do Festival Nacional de Violão do Piauí, na noite do dia 7 de abril do ano em curso, no Cine-Teatro Assembleia.  Marco dividiu o concerto em dois blocos: no primeiro, tocou peças de três compositores brasileiríssimos: Tom Jobim, Ary Barroso e Dorival Caymmi. No segundo, com repertório autoral, dividiu o palco com o parceiro Rogério Caetano, hoje, a grande referência do violão de sete cordas no Brasil. Um show para guardar na memória.
Se existe um “jeito brasileiro” de tocar violão, Marco Pereira é, seguramente, a sua melhor tradução. Com sólida formação acadêmica, competência técnica  e muito suingue, Marcos imprime sua marca em tudo o que toca. Sem transbordamentos ou floreiros desnecessários, enriquece as composições que executa com arranjos e harmonias ricas em nuances e com o inconfundível tempero brasileiro.
Marco Pereira, que já esteve no FENAVIPI em edições anteriores, declarou publicamente que o Festival Nacional de violão do Piauí é o mais abrangente dos festivais que se realizam atualmente no país por abrir espaço para outras facetas do violão brasileiro, não contemplando apenas o violão clássico.
Até domingo, dia l0, serão realizados nada menos de 26 concertos musicais, l7 deles nas escolas da capital, todos com entrada franca. Para conferir a importância do FENAVIPI, encontra-se em Teresina. Luís Carlos Nascimento, da gerência de Patrocínio da Petrobras, empresa que, pela segunda vez, patrocina o Festival Nacional de Violão do Piauí. Impressionado com as dimensões do Festival, Luís Carlos afirmou que “eventos desse tipo merecem atenção especial por parte da Petrobras”.

sábado, 2 de abril de 2011

Os meninos do FENAVIPI


Caio Leon (12 anos) e Leonardo Di Caprio (11) têm histórias distintas e uma paixão comum: o violão. Caio, filho de professores, estuda numa das escolas mais conceituadas de Teresina; Leonardo, filho de operários, estuda na Escola Extremo, num dos bairros mais pobres da capital. No palco, não se percebe diferença alguma na história de vida dos dois: comportam-se como compenetrados instrumentistas e sonham alto: o primeiro quer cursar música e tornar-se um violonista de sucesso; o segundo pretende ser um concertista famoso para “ajudar” a mãe. É fácil constatar que os meninos não estão brincando: tocam como gente grande. Caio deu os primeiros passos na música desafinando o violão do pai; Leonardo contentava-se em tocar um instrumento insólito: um cabo de vassoura. Quando alguém lhe perguntava onde estava a música? Respondia de bate-pronto: “Na minha cabeça”. Por caminhos tão díspares, os dois chegarão ao mesmo destino: o palco do Cine-Teatro Assembleia, no dia 10 de abril, onde abrirão o show do violonista Yamandu Costa, no encerramento da 7ª edição do Festival Nacional de violão do Piauí.
 A história dos dois garotos demonstra que a estratégia usada pelos organizadores do FENAVIPI funciona. Cineas Santos e Erisvaldo Borges vêm insistindo, desde a primeira edição do Festival, que, além de oferecer concertos de qualidade aos aficionados do violão, pretendem formar plateias e propiciar aprimoramento técnico aos músicos profissionais e amadores do Piauí. O sonho de Erisvaldo começa a concretizar-se: hoje, pelo menos 3.000 crianças e adolescentes estudam violão e teoria musical em Teresina. Para citar apenas um exemplo: todos os irmãos de Leonardo estudam violão, inclusive a pequena Mona Lisa, com sete anos de idade. É a música a serviço da inclusão social e da conquista da cidadania. Um projeto com este perfil não poderia deixar de merecer a atenção de uma empresa como a PETROBRAS, que sempre acreditou no talento dos brasileiros.