domingo, 10 de abril de 2011

Zanon e Valladangos: a erudição a serviço da beleza



Num festival com vozes e timbres tão distintos, os violonistas Fábio Zanon e Victor Villadangos privilegiaram a música erudita, mesmo aquela calcada em matrizes populares. Por caminhos distintos, os dois demonstraram, de forma inconteste, que um repertório erudito não precisa ser “cansativo”. Zanon abriu seu concerto, na Oficina da Palavra, com duas peças – “Pavan and Gaillard”, de Peter Philips. Em seguida, numa clara demonstração de competência e ousadia, tocou a monumental “Variações sobre Folias D’Espagne”, de Manuel Pance, com mais de vinte minutos de duração. A platéia, literalmente magnetizada, sorvia cada nota saída do violão como se fosse um néctar precioso. Não por acaso, Fábio Zanon, hoje, é um dos violonistas brasileiros de maior sucesso no exterior. Terminou o concerto com uma série de composições ligeiras de autores latino-americanos, na verdade, uma viagem musical pela América Latina, com direito a uma esticada até Cuba. Foi aplaudido de pé.
                                          
                                          
Victor Valladangos, no Cine-Teatro Assembleia, demonstrou que, ao contrário do que acontece nas disputas futebolísticas, o público brasileiro aplaude com entusiasmo a competência dos argentinos. Abriu seu concerto com uma “Suíte Argentina”, de Eduardo Falu, peça de rara beleza. Basicamente, tocou músicas de compositores argentinos, entre eles Astor Piazzola, Maximo Diego e Eduardo Falu. Além de uma técnica apurada, Valladangos demonstra rara sensibilidade e extraordinária cultura. Como Zanon, conversa com o público, acrescenta detalhes, explica o que, porventura, se faça necessário. Terminou o concerto aplaudido de pé.
Na noite de ontem (09/04) o FENAVIPI demonstrou que, além de melhorar o nível técnico dos músicos piauienses, está formando plateias capazes de entender e aplaudir a música de qualidade, seja ela erudita ou popular.

Um comentário:

  1. Os argentinos dominaram o VII FENAVIPI. O Nahuel Romero levou o concurso de interpretação e o Victor Villadangos foi o melhor concertista presente no Festival.

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